A presente obra teve como inspiração os anos de doutoramento da turma de 2016 do Programa de Pós-graduação em Ciência Política da Universidade Federal Fluminense (UFF).

No ano de ingresso, 2016, o país sofreu o golpe parlamentar, jurídico e midiático que destituiu Dilma Rousseff da presidência da República. Neste período as ciências humanas já passavam por redução de investimentos nas universidades. Os anos seguintes foram de crise política, desmonte de importantes políticas públicas e recrudescimento da agenda neoliberal. Vimos também o crescimento das novas direitas, a eleição de Jair Bolsonaro e tudo que sua vitória para o mais alto cargo do executivo nacional representou. O início de 2020 ficou marcado pela pandemia da Covid-19 fazendo o Brasil viver o aprofundamento da crise política juntamente com as crises sanitárias e econômicas.

Os desafios impostos pela conjuntura tornaram-se instigantes para o grupo de cientistas políticos aqui reunidos. Embora afetados pelos fatos narrados acima, como a maioria dos brasileiros, transformaram dor, revolta e medo em estímulo para a pesquisa e a escrita, como parte de uma trincheira que cabe aos cientistas que se dedicam a analisar tempos tão perversos e desumanos. O desafio esteve em observar o presente sem distanciamentos e mesmo assim sistematizar as contradições sociais de nossos tempos.

Neste livro, os autores se debruçaram em temas atuais abordados em sete capítulos, como: a Covid-19, a ascensão do bolsonarismo, as iniciativas institucionais de promoção à cultura de direitos humanos que passam pelo uso dos dispositivos do direito penal, o impeachment de Dilma Rousseff, o fenômeno recente da polarização política no Brasil, movimentos organizados e as UPPs.

No capítulo um, Bárbara Machado resgata a teoria psicanalítica e analisa o direcionamento e estímulo bolsonarista, ao comportamento de risco, na pandemia de Covid-19.

No capítulo dois, Ricardo Ferreira busca entender a ascensão do bolsonarismo na vida política brasileira a partir da releitura de algumas análises oriundas do campo da Ciência Política atual como os recentes trabalhos de Renato Lessa e Jairo Nicolau.

No capítulo três, Caroline Caldas, Carolina Cunha, Flávia Mendes e Carlos Henrique Serra se debruçam sobre as três iniciativas de promoção à cultura de direitos humanos e lançam o debate sobre o envolvimento dos usos de dispositivos oriundos do direito penal nesses casos.

No capítulo quatro, Patricia Burlamaqui trata do processo de formação da agenda da política de pacificação na agenda governamental do estado do Rio de Janeiro, que ficou conhecida como UPPs. Esta política foi vista como inovadora e solução para o problema da segurança pública no estado.

No capítulo cinco, Rafael Kritski e Luís Falcão se debruçam no tema do impeachment de Dilma Rousseff e se de fato ocorreu o que eles chamam de golpe jurídico-parlamentar.

No capítulo seis, Aparecido de Jesus Silva e Claudio Augusto buscaram compreender os fenômenos sociais e políticos que suscitaram a greve dos garis na cidade do Rio de Janeiro em 2014, suas motivações e a organização desse movimento.

No capítulo sete, Bruno Leite e Carlos Henrique Serra analisaram o papel das Novas Tecnologias da Informação no fenômeno da polarização política no Brasil que tomou as ruas e as redes sociais a partir das jornadas de junho de 2013 até as eleições de 2018.

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