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Livros “Brasil em transe I (2014-2015)” e “Brasil em transe II (2016-2018)”

21 21America/Sao_Paulo setembro 21America/Sao_Paulo 2023 @ 08:00 - 17:00 -03

Clique aqui para acessar o livro “Brasil em transe I (2014-2015)”.

Clique aqui para acessar o livro “Brasil em transe II (2016-2018)”.

Apresentação – O transe não para

Os fatos e processos abordados nestas duas coletâneas de artigos referem-se a um período histórico recente, que gestou a emergência de um Brasil simultaneamente profundo e surpreendente. Quase todos os textos do primeiro volume, referente aos idos de 2014 e 2015, salvo duas exceções, foram publicados no Jornal do Brasil. No segundo volume, sobre o período de 2016 a 2018, dez artigos não foram publicados no
referido jornal.

Em alguma medida, os avanços democráticos promovidos nos governos federais encabeçados pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff haviam alterado a paisagem política nacional. Respirava-se um ar de renovação, de participação, de inclusão social, por meio do mercado de trabalho e das políticas públicas, em um contexto de maior protagonismo do Estado nas arenas interna e
internacional. Esses governos tentaram encontrar brechas de ação para não serem exclusivamente reprodutores da disciplina dos mercados.

Até 2013, o cenário internacional de boom das commodities favoreceu as apostas da esquerda petista, que liderava um governo de coalizão com o PMDB e com partidos e parlamentares do chamado Centrão. No entanto, uma reviravolta começou a germinar nas manifestações de junho de 2013. Uma inesperada e inusual apropriação política das cores verde e amarela da bandeira nacional manifestou-se nas ruas, colocando-se contra as bandeiras vermelhas dos partidos e movimentos sociais de esquerda. Entre as palavras de ordem desses novos manifestantes, destacou-se um slogan: “O gigante voltou!”. Mas não foi imediatamente que se revelou quem exatamente era esse suposto gigante.

Após breve intervalo, retomou-se, ao longo de 2014, em um contexto que aproximava, com claras intenções políticas, o escândalo midiático de corrupção em torno da Operação Lava Jato e as eleições presidenciais, a paulatina continuidade da conformação do conteúdo do gigante, de perfil monstruoso, efetivamente profundo e surpreendente. Cada vez mais, ele revelava anti-herói antipetista. Profundo por exibir velhas raízes do Brasil, entranhadas nas relações sociais brasileiras, como o autoritarismo, o punitivismo, o ódio, a violência, o preconceito social e racial, a intolerância, a desigualdade política entre quem tem privilégios e entre quem não tem direitos. E surpreendente pela força e rapidez com que começou a ser parido, como se estivesse apressado e determinado a remover um obstáculo político que, mais e mais, passou a ser visto como o inimigo público número um.

Logo após ser derrotado nas eleições presidenciais, no segundo turno, para Dilma Rousseff, Aécio Neves afirmou que havia perdido o pleito para uma organização criminosa, e não para um partido político.

O gigante veio das profundezas e surpreendeu, devido à imensa tarefa a que se propôs a executar, sem perda de tempo: desdemocratizar o país, livrar-se do PT, sobretudo, de imediato, de Dilma Rousseff, e, em seguida, de Lula; manter as direitas emergentes nas ruas, para mudar a relação de forças, depor a presidente, submeter a política fiscal à austeridade, jogar o custo da crise nas costas dos trabalhadores, abrir novas oportunidades de negócios para as multinacionais estrangeiras e para os bancos brasileiros, criminalizar a política econômica de inspiração social-desenvolvimentista etc.

Em 2015, as tendências acima delineadas se aprofundaram. Em julho, o então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), rompeu com o governo Dilma. Em setembro, já havia 37 pedidos de impeachment protocolados. Em outubro, o PMDB, partido cujo presidente, Michel Temer, ocupava a vice-presidência da República, publicou o documento Ponte para o Futuro, de conteúdo neoliberal. Em dezembro, Cunha aceitou um dos pedidos de deposição presidencial mantido em sua gaveta e, rapidamente, recebeu apoio da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) para levá-lo adiante.

Na verdade, em 2016, houve um golpe de Estado, fantasiado juridicamente de processo de impeachment, no mínimo, pelo seu caráter altamente duvidoso. Nas eleições gerais de 2018, o monstro gigantesco foi para cima dos dirigentes, militantes e eleitores petistas, com o apoio do grande empresariado de todos os setores de atividade, incluindo a mídia. Hoje, oito anos após, o gigante verde-amarelo está cada vez mais monstruoso. Os ataques contra a democracia tornaram-se moeda corrente e, nesses dias de maio de 2022, concentram-se no questionamento infundado da urna eletrônica e na capacidade do TSE realizar eleições confiáveis. Embora sejam ataques de Bolsonaro e de seus apoiadores, entre eles estão as Forças Armadas, que, no mínimo, colocam-se com muita ambiguidade e falta de clareza em relação às acusações de intuito golpista do presidente da República contra a lisura do pleito eleitoral.

Enfim, vários militares graduados ocupando postos no governo compartilham as dúvidas que o bolsonarismo produz artificialmente contra as urnas eletrônicas. Enfim, o absurdo banalizou-se na política brasileira. Voltar às origens do caos político, econômico e social nacional é um exercício mais que necessário. Os artigos deste livro, escritos no calor dos acontecimentos, permitem revisitar a fabricação do gigante neofascista que o país precisa derrotar para sair do transe e voltar a transitar no desenvolvimento democrático.

Marcus Ianoni

Detalhes

Data:
21 21America/Sao_Paulo setembro 21America/Sao_Paulo 2023
Hora:
08:00 - 17:00 -03
Categoria de Evento:
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